Disney integra Hulu ao Disney+ e acelera nova fase do streaming

Disney integra Hulu ao Disney+ e acelera nova fase do streaming

Nova estratégia de unificação

A Disney anunciou nesta quarta-feira (6) uma reestruturação significativa em seu negócio de streaming: o aplicativo independente do Hulu será descontinuado e passará a fazer parte da plataforma Disney+ a partir de 2026. Embora as assinaturas dos serviços ainda possam ser adquiridas separadamente, o acesso será feito por meio de uma interface unificada.

Foco na experiência do usuário

Tradicionalmente, o Hulu abriga conteúdos voltados para um público mais adulto, com produções de canais como FX e ABC, enquanto o Disney+ prioriza programas voltados à família. A integração, segundo o CEO da Disney, Bob Iger, representa uma evolução natural na estratégia de consolidação da empresa. “Ao unir todos os ativos de programação em um único aplicativo, oferecemos uma experiência muito melhor para o consumidor”, afirmou. Ele destacou ainda que a mudança ajudará a reduzir o cancelamento de assinaturas, aumentar a eficiência e fortalecer o engajamento do público.

Mudanças na divulgação de dados

Outra mudança importante envolve a transparência com investidores. A Disney deixará de divulgar os números trimestrais de assinantes pagos, seguindo uma tendência adotada por outras plataformas como a Netflix. O foco, agora, será direcionado aos resultados financeiros de sua operação de streaming, em vez de métricas de volume.

Crescimento global, estagnação local

Atualmente, a Disney conta com 183 milhões de assinantes em seus serviços de streaming, sendo 128 milhões apenas no Disney+. No entanto, não houve crescimento no número de assinantes do Disney+ na América do Norte, e o ESPN+ manteve-se estável com 24,1 milhões de assinantes. A empresa aposta na oferta de pacotes e combinações de serviços como forma de aumentar o valor percebido e estimular novas adesões.

Unificação tecnológica e flexibilidade de preços

Com a fusão tecnológica dos serviços Disney+, Hulu e ESPN, a empresa também ganha em “elasticidade de preços”, segundo Iger. Isso permitirá maior liberdade para criar diferentes modelos de assinatura e ofertas promocionais, adequando-se melhor ao comportamento dos consumidores.

Apostas no futuro da publicidade em streaming

Com mais de 40% de sua receita antecipada vinda do streaming, a Disney está apostando alto na consolidação desse formato, principalmente diante da queda progressiva da TV linear. A empresa também revelou que a ESPN lançará sua própria plataforma direta ao consumidor no dia 21 de agosto, fortalecida pela recente aquisição do NFL Network, que será integrado à nova plataforma. Além disso, todos os eventos ao vivo premium da WWE, incluindo o WrestleMania, estarão disponíveis no serviço.

A RedZone da NFL, por sua vez, será incorporada aos canais lineares da Disney. Essas movimentações apontam para uma reconfiguração profunda da estratégia da empresa, que passa a tratar streaming e TV como um único negócio televisivo.

Reação do mercado e impactos na publicidade

Segundo Julie Clark, vice-presidente de mídia e entretenimento da TransUnion, a Disney está sinalizando que o futuro do streaming com publicidade está baseado em três pilares: escala, sinal e simplicidade. “Ao unificar o controle sobre inventário e identidade, a Disney organiza um ecossistema historicamente caótico”, comentou.

Clark também destacou que, com o esporte atraindo um público altamente engajado, essa consolidação possibilita métricas mais precisas, segmentação mais eficiente e uma jornada de consumo mais fluida em diferentes plataformas.

Tereza Fernandes