Ações da Disney caem após frustração com receita, mas fusão com Hulu e desempenho em parques animam investidores

Ações da Disney caem após frustração com receita, mas fusão com Hulu e desempenho em parques animam investidores

Queda nas ações apesar de bons resultados operacionais

Mesmo com um trimestre positivo nos segmentos de streaming e parques temáticos, a Walt Disney viu suas ações recuarem cerca de 4% nesta semana. O motivo principal foi a leve decepção com a receita reportada, que ficou abaixo das expectativas do mercado: US$ 23,65 bilhões contra a projeção de US$ 23,73 bilhões. Ainda assim, muitos analistas consideram esse momento como uma boa oportunidade de entrada para investidores atentos ao potencial de recuperação da companhia.

Dificuldades no modelo tradicional e força nas novas frentes

A Disney vem enfrentando o desafio de equilibrar seus múltiplos segmentos de negócios. Enquanto a mídia tradicional sofre com a queda na audiência e receita publicitária, o desempenho dos parques temáticos e da plataforma de streaming tem se mostrado cada vez mais sólido. O lucro líquido no trimestre foi de impressionantes US$ 5,26 bilhões — quase o dobro dos US$ 2,62 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior — o que equivale a US$ 2,92 por ação. Em termos ajustados, o lucro foi de US$ 1,61 por ação, impulsionado pela aquisição da participação final da Comcast no Hulu.

Hulu será fundido com Disney+ em uma nova superplataforma

A maior novidade do trimestre não veio dos números, mas sim da estratégia: a Disney anunciou que vai unificar completamente o Hulu com o Disney+ até 2026. A fusão marcará o fim do Hulu como aplicativo independente. A partir do outono de 2025, o Hulu substituirá a marca Star no Disney+ fora dos Estados Unidos. A nova plataforma unificada terá lançamento global em 2026, mas os consumidores ainda poderão assinar os serviços separadamente, se desejarem.

Segundo Bob Iger, CEO da Disney, e Hugh Johnston, CFO, a nova plataforma será um “pacote completo de entretenimento”, combinando os conteúdos familiares e franquias renomadas da Disney com as atrações mais generalistas, esportes ao vivo e jornalismo do Hulu. A fusão também deve simplificar a experiência do usuário, reduzir cancelamentos e tornar a operação mais eficiente. A Disney prevê ainda um aumento na receita com publicidade na nova plataforma combinada.

TV ao vivo do Hulu mudará e parceria com Fubo será ampliada

Outra mudança prevista envolve os serviços de TV ao vivo. A Disney, que detém a maior parte da empresa Fubo, planeja integrar o conteúdo de TV ao vivo do Hulu ao Disney+ até 2026. Por enquanto, Hulu + Live TV e Fubo seguirão sendo oferecidos separadamente, mas a convergência está no radar.

Desde a primavera de 2024, a Disney já vinha integrando conteúdos do Hulu ao Disney+ como forma de estimular a adesão ao pacote completo, preparando o terreno para a transição.

Parques temáticos seguem como pilar de receita e otimismo

Apesar das incertezas sobre o poder de compra dos consumidores, o segmento de experiências — que inclui os parques da Disney — continua crescendo. Segundo o CFO Hugh Johnston, o Walt Disney World teve o melhor terceiro trimestre de sua história em termos de fluxo de visitantes. A receita do segmento aumentou 8% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 9,09 bilhões. Isso desafia a narrativa de que os consumidores estão reduzindo gastos e mostra a força da marca Disney mesmo em tempos de instabilidade econômica.

Conteúdo próprio como vantagem competitiva no streaming

Um diferencial importante da Disney em relação a concorrentes como a Netflix é a sua ênfase em conteúdo original próprio. Enquanto outras plataformas dependem em grande parte de licenciamento de terceiros, a Disney possui um vasto catálogo de produções e franquias exclusivas — o que fortalece a atratividade da fusão entre Hulu e Disney+.

Hora de comprar ações da Disney?

Diante dos avanços no streaming, crescimento constante nos parques e fortalecimento da oferta digital, analistas veem a queda recente nas ações da Disney como uma oportunidade. A empresa ainda enfrenta desafios, especialmente com a transição do modelo tradicional de mídia, mas tem dado sinais claros de adaptação e inovação. A fusão com o Hulu, os novos pacotes integrados com ESPN+ e a reestruturação operacional indicam que a Disney está preparada para competir em um cenário de consumo cada vez mais digital e segmentado.

Renan Silva